O show da Mika se aproximava, e eu
ficava triste ao lembrar que não estava participando do concurso. Eu queria
tanto ter essa chance de cantar no palco com ela. Quando eu falava isso para o
meu avô, ele me acalmava dizendo que eu não devia me preocupar, porque tudo tem
o momento certo de acontecer.
O que me
deixava chateada era que eu sonhava com isso e veio uma oportunidade exatamente
do jeito que eu sempre imaginei. Quantos artistas fazem concurso para novos
cantores fazerem o show de abertura de sua turnê? E foi acontecer assim, logo
com a Mika!
Eu estava
evitando até conversar com outros fãs sobre o assunto, porque me entristecia.
Eu iria apenas ao show e pronto. A Fernanda era minha única amiga (que também
era fã da Mika) com quem eu falava sobre o assunto.
Eu me
esforçava para não ficar presa ao celular e à internet, para não ter muito acesso às notícias sobre o show da
Mika. E isso era até bom, porque eu precisava mesmo estudar.
Para nos
ajudar nos estudos, fazíamos simulados semanalmente no cursinho. Isso ajudava
bastante para que a gente pudesse tirar as dúvidas. Era sempre tudo tranquilo, menos em Matemática, e a professora adorava
aterrorizar.
Um
simulado que eu fiz foi uma verdadeira
catástrofe! Eu não sabia nada! Como eu ia passar no vestibular daquele jeito? E
foi exatamente essa pergunta que a professora Edith me fez quando viu a prova de
simulado que eu fiz! Ela falou um monte de coisa para mim sobre o resultado
ruim que eu estava tendo nas provas de Matemática. Confesso que fiquei super
mal quando ouvi aquilo dela! A sorte é que eu tinha a professora Suzana e,
quando ela me viu mal, ela conversou comigo e me motivou para continuar
estudando.
As palavras da professora Edith
tinham sido duras para mim, mas (com a ajuda da Suzana) me ajudaram a perceber que eu realmente tinha
que me jogar de cabeça nos estudos se eu quisesse mesmo passar no vestibular, e
era isso que eu estava decidida a fazer.
Então decidi montar um grupo de
estudos com a Júlia, Milena e Vítor. Assim eles trocavam ideias sobre os
exercícios e revisavam o que estavam estudando. Seria bom para eles e ótimo
para mim.
Cheguei à casa do meu avô e contei
para ele sobre o meu dia. Ele, como sempre, me apoiou. Disse que eu
conseguiria, sim, passar no vestibular e que tudo era questão de empenho e
dedicação. Sobre o grupo de estudos, meus amigos toparam me ajudar e meu avô
pediu que fizéssemos o grupo na casa dele mesmo. O vô Zino sempre gostou da casa
movimentada e ele adorava quando eu chamava pessoas para ficarem lá.
Meu foco
tornou-se fortemente a Matemática. Cada noite eu dava uma lida em uma matéria,
mas minhas tardes eram dedicadas somente à Matemática. Durante as tardes, meus
amigos ficavam comigo na casa do meu avô e fazíamos vários exercícios e simulados.
A Júlia não
tinha muita paciência para ensinar, então comecei a observá-la fazendo as
contas e buscando entender como chegava naquele resultado. Milena era muito
prática! Parecia que tinha decorado toda a conta e só estava transcrevendo para
o papel de tão rápido que fazia. Para explicar, tinha o Victor! E esse sim
tinha a maior paciência do mundo. Mesmo assim eu custava para entender... E
custava muito!
Os
resultados positivos começaram a aparecer aos poucos. No cursinho fiz uma
prova, e de 20 questões eu acertei 3! Ok, podia ser pouco, mas para quem errava
tudo era um excelente começo.
Estava tudo
indo muito bem. Eu estava empenhada nos estudos e me dedicando ao máximo para
conseguir um bom resultado, afinal, a data do vestibular estava cada vez mais
próxima e eu precisava me sair bem.
Em um
sábado, eu estava concentrada nos meus estudos quando o telefone de casa tocou.
Levantei para atender e assim que ouvi a voz do outro lado da linha, recebi a
pior notícia que eu poderia ouvir:
- Seu avô
faleceu! – meu tio falou.
Não teve
suspense, não teve preparação, não teve rodeios, não teve nada. A notícia veio
nua e crua, daquela forma.
Minha
expressão deve ter assustado meus pais, então imediatamente meu pai pegou o
telefone da minha mão e começou a falar com meu tio. Minha mãe ainda tentou
falar comigo, mas eu não consegui dizer nada. Sentei no sofá e ali desabei no
choro.
Morrem os
avós dos meus amigos, morre vizinho, morre o cara na TV. Mas não morre meu avô!
Não... Não ele!
Dava para
acreditar que era verdade? Como ele poderia partir assim tão de repente, sem ao
menos se despedir? Ou ele se despediu e eu que não percebi?
Foi meu pai
que teve que dar a notícia para a minha mãe. Não se mede sofrimento, mas
acredito que deve ter sido muito mais duro pra ela.
Foi um golpe muito grande que
recebi. Parecia que alguém tinha dado um chute muito forte na minha perna que
me fez cair, só que os braços estavam muito fracos para me ajudar a me
levantar.
A semana foi bem tensa, eu não conseguia me
concentrar nas aulas e muito menos nos estudos.
No dia do show da Mika, Nanda me mandou uma
mensagem.
"Amiga,
como você está?".
"Estou
me recuperando..." –
escrevi.
"Imagino
o quanto seja duro!"
– ela enviou. – "Você vai ao show da
Mika?”
Pensamento 2: Seria bom eu distrair um pouco a mente.
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