Que mico! Estou ridícula com esse vestido!



            Fiquei morrendo e vergonha ao ver que eu era a única de vermelho. Minhas bochechas começaram a queimar e eu sabia que estavam super vermelhas. Com certeza eu tinha virado um tomate em forma de pessoa.
            - Mas tinha sido combinado para todo mundo vir de preto? – perguntei aflita.
            - Não, - respondeu Júlia. – eu vim de preto porque era o único vestido que eu tinha.
            - Preto emagrece! – Samy disse dando risada. – Por isso todo mundo prefere roupa preta!
            - Ah gente! Não sabia que todo mundo viria de preto... – falei sem graça. – Eu nem ao menos tenho um vestido dessa cor.
            - Se você me falasse, eu te emprestava um! – Milena comentou.
            - Eu nem imaginei que todo mundo viria assim!
            - Está ótima! – disse Diogo. – Assim já está preparada para o Natal.
            Todo mundo riu, enquanto eu estava procurando algum buraco para esconder a minha cabeça. Ou melhor, uma porta para me esconder e ficar ali até todo mundo ir embora e esquecer que tinham me visto.
            Percebendo que eu estava muito sem graça com a situação, Victor começou outro assunto.
- E quais universidades vocês passaram? Já saíram todos resultados? – perguntou Victor para turma.
Realmente todos desviaram a atenção e começaram a falar sobre as notas e as Universidades que tinham sido aprovados. No entanto, por mais que estivessem já em outro assunto, eu não conseguia tirar a ideia do vestido da minha cabeça. Fiquei pensando em uma estratégia de ir até a casa da Milena para pegar um vestido emprestado com ela, ou então arrumar uma desculpa para voltar para casa.
Pouco a pouco começaram a chegar outras pessoas na festa e os colegas de classe foram dispersando. Eu estava me sentindo super mal! Parecia que todo mundo que chegava, olhava para mim e regulava o meu vestido.
- Acho que vou embora! – falei para meus amigos.
- Por que? – perguntou Júlia. – Está se sentindo mal?
- Sim, muito!
- O que você tem? – Victor perguntou preocupado, assim como Júlia e Milena que também demonstraram preocupação.
- Estou me sentindo muito mal com esse vestido vermelho!
- Ah! Que besteira! E eu achando que era coisa séria! – falou Milena, revirando os olhos.
- E é muito sério! Estou passando a maior vergonha! Estou pensando seriamente em pedir para o meu pai me levar na sua casa e pegar o seu vestido emprestado para eu usar.
- Nada disso! – disse Júlia. – Eu já disse que seu vestido está lindo! E isso demonstra que você tem originalidade! Ninguém pensou em variar, colocar um vestido com estampa, uma cor... Qualquer coisa!
- Pois é! – falou Victor. – Se reunir todo mundo vão achar que somos um coral ou...
-... Ou que era para todo mundo vir de preto e só eu estou de vermelho!
- Não! O que não temos criatividade! – ele completou. – Era isso que eu iria dizer.
- Amiga, esquece isso e vamos curtir a festa! – Júlia tentou me animar.
Todos foram curtir a festa, mas eu fiquei o tempo todo sentada junto com a minha família. Era muito ruim ficar perto deles e sentir que estavam todos me regulando e rindo de mim. Eu tinha certeza que estavam falando o quanto eu estava ridícula com aquela roupa. Tinham outros que me olhavam e pareciam que estavam me achando metida.
A única coisa que me animou na festa foi ver meu avô chegando. Minha tia entrou com ele, empurrando sua cadeira de rodas. Eu fiquei tão feliz em vê-lo e fui correndo abraça-lo.
Durante toda a festa, fiquei ao seu lado. Fiz isso porque queria ficar no meu canto mesmo e porque queria aproveitar meu tempo com ele.
- Por que... você... não... está... dançando? – meu avô perguntou, falando baixinho e com dificuldade.
- Estou sem graça! Todo mundo da minha turma veio de vestido preto e só eu de vermelho. Por onde eu passo as pessoas ficam me olhando e pensando que eu estou querendo me aparecer com essa roupa ou que eu estou ridícula de vermelho.
- Você ...lê... pensamentos? – ele perguntou.
            Eu ri e balancei a cabeça.
            - Não. Mas sei que estão!      
            - Você está pensando isso... não eles!
            Suspirei. Mas era verdade. Fora a brincadeira do Diogo quando eu cheguei na festa, ninguém mais havia dito nada para mim sobre a minha roupa. Fui eu que fiquei com o assunto na minha cabeça a noite inteira e por causa disso deixei de dançar e de me divertir com meus amigos.
            Muitas vezes eu acabo deixando de fazer uma coisa por medo do que as pessoas podem pensar de mim. Eu sei que não é possível agradar todo mundo e também que eu não preciso ser perfeita o tempo todo, mas mesmo assim às vezes eu deixo o pensamento negativo tomar conta de mim e eu deixo de fazer um monte de coisa.
            Saí da festa me sentindo frustrada por não ter aproveitado. Até quando eu ia deixar que a opinião dos outros me afetasse tanto? Quantas vezes já desisti de fazer alguma coisa ou ir atrás de um sonho porque alguém falou algo que me desanimou?
            Sabe aquela listinha que a gente faz antes de começar o ano, escrevendo todas as metas que deseja atingir no ano seguinte? Eu já tinha o primeiro item da minha lista: aprender a ser eu mesma, sem me preocupar com o que os outros vão achar ou o que vão dizer.
            Tomar a decisão de mudar já era um passo adiante para os meus sonhos. E meus sonhos? Ah... Por eles eu sempre vou persistir!



FIM

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